quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quem é Paulo Freire?

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife, PE. Apesar de pertencer a uma família de classe média, Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929. Uma experiência que o levou a se preocupar com os mais pobres e o inspirou a construir seu revolucionário método de ensino.
Assim uma das motivações para a sua elaboração pedagógica partiu de seus estudos sobre a linguagem do povo. Paulo Freire participou do Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife e do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, sendo, inclusive, um dos seus fundadores e primeiro diretor. Destaca-se, principalmente, o trabalho realizado em Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1962, onde começaram as primeiras experiências de alfabetização – o Método Paulo Freire. Em 1963, foi chamado à Brasília para coordenar, no MEC, a criação do Programa Nacional de Educação.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na áfrica. Mas, em 1964, o golpe militar reprimiu todos os trabalhos de mobilização popular. Paulo Freire foi acusado de subverter a ordem ao utilizar suas campanhas de alfabetização, sendo preso e exilado por mais de 15 anos.
Em 1980, voltou ao Brasil e assumiu cargos de docência na PUC – SP e na Unicamp e, entre 1989 e 1991, trabalhou como secretário da Educação da Prefeitura de São Paulo.
É autor de uma vasta obra traduzida em várias línguas. Dentre os livros mais conhecidos estão a Educação como Prática da Liberdade e a Pedagogia do Oprimido.
O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão, aliada ao seu talento como escritor, ajudou-o a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.
Paulo Freire morreu em 02 de maio de 1997, em São Paulo, SP.

FONTE: http://freire.mec.gov.br/index/sobre.
 

Entrevista com Sara Mourão - O professor Alfabetizador

Sara Mourão Monteiro (Ceale/UFMG): professor alfabetizador deve ter uma formação sólida

Existem vários métodos de alfabetização, várias possibilidades práticas de ensino
Existem vários métodos de alfabetização, várias possibilidades práticas de ensino
Autor:Arquivo pessoal


Pedagoga, com mestrado e doutorado em educação, Sara Mourão Monteiro é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela é vice-diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), órgão da Faculdade de Educação da UFMG que tem o objetivo de integrar grupos interinstitucionais de pesquisa, ação e documentação na área de alfabetização e ensino de português.
Em entrevista ao Jornal do Professor, Sara Mourão Monteiro diz que, atualmente, no Brasil, existem vários métodos de alfabetização e os professores podem adotar aquele que preferirem.
Em sua opinião, para trabalhar com alfabetização, o professor necessita ter uma formação sólida e específica para a área, pois esse processo é muito complexo e necessita de diferentes competências.

Jornal do Professor - Quais são os principais métodos de alfabetização existentes no Brasil e quais os pontos fortes e fracos de cada um?
Sara Mourão Monteiro – No Brasil, nós tivemos um grande período em que predominou um debate sobre qual seria a melhor forma de ensinar os alunos. O debate era sobre qual era o melhor método de alfabetização. Então, primeiro se tinha um método da linha sintética, que partia do menor para o maior unidade linguística, partia das letras ou dos sons para palavras e textos. Depois, neste debate predominaram os métodos na linha analítica, que são os métodos que partem da unidade maior – textos ou frases - para as unidades menores, com letras e sons.
A partir dos anos 80 tivemos uma ruptura com esses métodos de alfabetização, quando nós professores, alfabetizadores, passamos a descobrir e a debater a aprendizagem: como é que as crianças aprendiam e não só qual a melhor maneira de ensinar. Mas era preciso descobrir como que a criança aprende para aí pensar em estratégias de ensino. E a partir então dos anos 80 é esse contexto metodológico da alfabetização que vem predominando em nosso país.

JP - Quer dizer que não existe um método apenas, atualmente, que seja o mais recomendado?
SMM – Quer dizer que nós temos hoje vários métodos de alfabetização, várias possibilidades práticas de ensino e que os professores ora adotam uma ora outra a partir de suas condições de trabalho, de formação, a partir do conhecimento que os alunos têm.

JP – Na sua opinião, os professores que se dedicam à alfabetização devem ter uma preparação especial para essa tarefa?
SMM – Sem dúvida. A alfabetização é um processo muito complexo. E ela demanda o desenvolvimento de competências muito distintas, que faz com que esse processo seja muito complexo. E o professor, para poder orientar os seus alunos, precisa conhecer muitas especificidades desse processo: o conhecimento na área da linguística, da sociolinguística, no campo de conhecimento sobre leitura. São conhecimentos que devem fazer parte da formação do professor, sem os quais ele pode cair em equívocos metodológicos.

JP – Um bom professor alfabetizador tem um perfil específico?
SMM – Primeiro ele precisa ter uma boa formação, sólida, específica na área de alfabetização. Não é qualquer um que pode chegar e alfabetizar. Ele tem que conhecer linguística, psicolinguística, tem que ter fundamentos teóricos para alfabetizar. Em segundo lugar, ele precisa ser um professor muito atento ao processo, ele precisa ser um professor que dê conta de interagir com muita facilidade com a criança porque ele precisa ser um observador do processo da criança e a partir dessa observação fazer encaminhamentos. O perfil do professor e alfabetizador hoje, no país, é de uma pessoa que tem uma formação sólida, está em constante formação e muito atento às crianças.

JP – Quais as atividades que não podem faltar em classes de alfabetização?
SMM – Atividades que levem a criança a aprender o sistema de escrita - atividades que abordam o código, o sistema de escrita; atividades que façam com que a criança desenvolva habilidades de leitura e de produção de textos – a criança precisa de atividades que trabalhem em nível de palavras, em nível de letras e no nível de sons, atividades que trabalhem em nível de textos. Além dessas atividades, o professor precisa planejar vivências, práticas de leitura e escrita. Aquelas atividades que mobilizem a criança para ler e escrever um texto. São basicamente três tipos de atividades que hoje precisam estar contempladas no planejamento do professor.

JP – Qual é o trabalho desenvolvido pelo Ceale - Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da UFMG?
SMM – O Ceale vem atuando, há 20 anos, em três linhas. A primeira delas é a pesquisa. O Ceale é ligado à linha de pós-graduação da Faculdade de Educação, que é Linguagem e Educação. Nessa linha são desenvolvidas pesquisas que nos fazem compreender esse processo complexo que é a aquisição da língua escrita. Uma segunda linha de atuação do Ceale são as ações de formação. O Ceale, hoje, promove formação de professores e atua em área de avaliação, tanto de material didático quanto de níveis de alfabetização dos alunos. E uma terceira linha – pesquisa, ação e documentação – há um espaço no Ceale no qual procuramos ampliar documentos que dizem respeito ao ensino da língua escrita para que sirva de material de pesquisa. Então, toda ação que o Ceale promova ou participe em parceria com outras universidades e com o próprio MEC, torna-se documento. Temos um centro de documentação bem amplo que dá condições de novas pesquisas, novas reflexões na área da alfabetização.
Nós temos atuado focados especificamente em algumas coisas, como por exemplo, a formação do professor. Temos tentado oferecer ao professor diretrizes metodológicas e pedagógicas para que ele tenha o suporte na sua prática de sala de aula. Temos elaborado e proposto material que orienta o professor em capacidades a serem desenvolvidas pelos alunos, discutindo com o professor formas de planejar a rotina escolar, a avaliação do desempenho. Nossa atuação é bem focada na prática do professor.

FONTE:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=67&idCategoria=8 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A importância do brincar na infância

Brincar é uma das atitudes mais comuns entre a criançada, porém até pouco tempo, muito pouco valorizada. Mais do que ferramenta de desenvolvimento, o brincar desenvolve capacidades importantes como atenção, memória, imitação, imaginação, etc. 
Brincando a criança aprende a explorar e refletir sobre sua realidade e a sua cultura, interiorizando-se e questionando as regras sociais estabelecidas. Com as brincadeiras, a criança aprende a fazer, aprende a conhecer, aprende a conviver e aprende a ser. As brincadeiras, em sua maioria, estimulam a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, além de proporcionar desenvolvimento da linguagem, pensamento, concentração e atenção. 
O brincar apresenta características diferentes de acordo com as fases do desenvolvimento, segundo Piaget. São três etapas básicas:
1.Dos 0 aos 2 anos de idade: ocorre os chamados jogos de exercícios. A criança adquire competências motoras e aumenta sua autonomia. Ocorrem tentativas de imitar a fala dos adultos, de se locomover sozinhas, de brincar mais no chão do que no berço. Essa fase é fundamental para a formação global da criança.
2. Entre os 2 e os 6/7 anos de idade: a simbologia surge com um papel fundamental nas brincadeiras infantis. Nesta fase é comum brincadeiras de faz-de-conta, histórias, fantoches, desenhos e adquirir vida á objetos. Essa fase forma a compreensão e a aprendizagem dos papéis sociais que fazem parte da cultura da criança.
3. A partir dos 7 anos de idade: as brincadeiras e jogos com regras se tornam crucial no processo de aprendizagem e tomada de decisões. Nesta fase, a criança aprende a controlar suas vontades, socializando-se com o mundo e consigo mesmo. Essa fase é importante pois exige da criança uma capacidade de refletir e pensar sobre suas ações, permitindo uma auto-avaliação do seu comportamento moral.

Brincar não é apenas recrear ou divertir-se. Pelo contrário, é a forma mais concreta que a criança tem para se comunicar consigo mesma e com o seu meio. As crianças precisam ter tempo e espaço em seu dia-a-dia destinados á brincar. É atraves do seu espaço lúdico que a criança se prepara para a vida, assimilando, interagindo e integrando-se ao seu meio e a sua cultura.

Declaração dos Direitos da Criança - Todo professor deve saber!

1º Princípio – Todas as crianças são credoras destes direitos, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, condição social ou nacionalidade, quer sua ou de sua família.
2º Princípio – A criança tem o direito de ser compreendida e protegida, e devem ter oportunidades para seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. As leis devem levar em conta os melhores interesses da criança.
3º Princípio – Toda criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade.
4º Princípio – A criança tem direito a crescer e criar-se com saúde, alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas, e à mãe devem ser proporcionados cuidados e proteção especiais, incluindo cuidados médicos antes e depois do parto.
5º Princípio - A criança incapacitada física ou mentalmente tem direito à educação e cuidados especiais.
6º Princípio – A criança tem direito ao amor e à compreensão, e deve crescer, sempre que possível, sob a proteção dos pais, num ambiente de afeto e de segurança moral e material para desenvolver a sua personalidade. A sociedade e as autoridades públicas devem propiciar cuidados especiais às crianças sem família e àquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas.
7º Princípio – A criança tem direito à educação, para desenvolver as suas aptidões, sua capacidade para emitir juízo, seus sentimentos, e seu senso de responsabilidade moral e social. Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais. A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.
8º Princípio - A criança, em quaisquer circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber proteção e socorro.
9º Princípio – A criança gozará proteção contra quaisquer formas de negligência, abandono, crueldade e exploração. Não deve trabalhar quando isto atrapalhar a sua educação, o seu desenvolvimento e a sua saúde mental ou moral.
10 º Princípio – A criança deve ser criada num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.

Menina cachorro? Será mesmo verdade?

Precisamos primeiramente definir espécie: "espécie é o conjunto dos seres mais próximos uns dos outros." As espécies evoluem sob a propriedade de transmitirem traços por hereditariedade e são reproduzidos pelos diferentes orgânismos que os compôem. Todos os indivíduos que se comunicam possuem traços parecidos e muitas vezes iguais, dentro de uma mesma espécie. 
Jean Piaget, em suas teorias, tenta explicar como se desenvolve a inteligência nos seres humanos. Cabe ressaltar que ele não apenas descreveu mas, provou cientifícamente, com experiências genéticas, seus estudos. Primeiro, Piaget destacou que os indivíduos se desenvolvem intelectualmente através de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. Para Piaget, o comportamento não é inato, ou seja, o indivíduo não nasce com ele já pronto. O comportamento é formado através da interação do indivíduo com o meio em que ele vive, caracterizada como teoria do interacionismo. Em continuação desse pensamento, Piaget mostra que o indíviduo só evolui quando está preparado biologica e psicologicamente para isso. O indivíduo deve assimilar novos conhecimentos e acomodar aos seus anteriores. 
Para Piaget, o desenvolvimento do indivíduo começa dentro do útero da mãe e vai até os 15 ou 16 anos. Esse desenvolvimento é divido em motor, verbal e mental. Essa divisão é importante pois, define os períodos do desenvolvimento da inteligência, onde em cada uma delas, o indivíduo adquire conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade.
Com base nos estudos do grande Jean Piaget, podemos entender o porque essas crianças se comportam como é mostrado na reportagem do Domingo Espetacular da Rede Record. As crianças tiveram seu meio envolvidos com a natureza animal e só tiveram interação com este. Assim, não desenvolveram nenhum tipo de habilidades humanas. Como só foram descobertas quando já adolescentes, não havia mais possibilidades de mudanças totais, já que segundo a teoria de Piaget, essa formação se dá até os 16 anos.

Fonte:
 http://psiesociedade.blogspot.com.br/2011/07/o-individuo-e-o-meio-o-homem-e.html
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per09.htm

Vida Maria - Até quando?

Este vídeo é um curta metragem em 3D. O personagem principal é uma menina chamada Maria José, personagem do sertão nordestino. Podemos perceber que em áreas carentes, a criança normalmente tem gosto e vontade de estudar, mas é obrigada a abandonar seu sonho e a começa a trabalhar, para garantir o sustento da família. Neste meio de tempo, ela cresce, conhece Antônio e se casa. Assim começa a mesma história de sua mãe e tantas outras Marias, engravidando vezes seguidas.
Este é um ciclo que se repete entre grande parte das famílias nordestinas e carentes de todo o Brasil. Até quando a educação vai ser tratada como uma importância secundária? Precisamos refletir nossas práticas e pensar o que realmente podemos fazer para que realidades como essas venham a sumir.
Professores: precisamos criticar e refletir diariamente sobre nossas práticas. 

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Roda dos Expostos e a criança abonada no Brasil Colonial: 1726 à 1950.

As rodas dos expostos tiveram origem na Idade Média e na Itália. O papa Inocêncio III, chocado com o número de bebês encontrados mortos no rio Tibre, transferiu sua irmandade para Roma, criando o Hospital da Santa Maria in Saxia. Este foi o primeiro hospital dedicado à acolher e cuidar das crianças abandonadas. No mesmo hospital que eram recebidos pobres, doentes e leprosos, entravam os bebês expostos, sendo totalmente vedada às informaçôes sobre o expositor. O nome da roda vem da forma cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória, que era fixada no muro ou na janela da instituição. O expositor colocava a criança na roda, girava-a e a criança já estava do outro lado. Havia uma corda com um sino, que era tocado assim que o bebê era girado. Imediatamente um vigilante buscava a criança e o expositor, assim, mantinha-se em sigilo. Este costume começou nos mosteiros medievais, em que as crianças eram deixadas como doação para servir à Deus, e com o uso indevido das rodas mosteiros, surge então a roda dos expostos. Em Portugal, as primeiras instituições de assistência direta à criança, foram criadas em conjunto com a sociedade, o clero e a coroa. Esta ação foi tomada inicialmente, pelas mulheres nobres. No ínicio do século XVI, em Lisboa, podemos destacar duas grandes instituições de assistência à crianças abandonadas: a Irmandade de Misericórdia e o Hospital de Todos os Santos. Ficou definido que a Câmara Municipal iria ajudar com o subsídio anual, para manter as instituições. A tradição veio para o Brasil, pois este era colônia de Portugal. Assim, no século XVIII, pediu-se permissão à coroa, para abrir uma roda dos expostos, no estilo de Lisboa, na cidade de Salvador da Bahia. A Santa Casa aceitou o pedido, desde que o rei a ajudasse anualmente. Desta forma, foi aberta a primeira casa de recolhimento em 1726. A segunda casa de misericórdia se deu no Rio de Janeiro, em 1738. A terceira e última roda do período colonial foi no Recife, no final do século XVIII. Mesmo após a independência do Brasil, as rodas continuaram a funcionar, sob as ordens das Ordenações Filipinas, que estabeleciam as câmaras dos municípios, como os responsáveis pela assistência às Casas de Misericórida, e este assunto sempre foi aceito sob protesto das Câmaras. Em São Paulo, com altas taxas de expostos, se fez necessário a abertura de uma roda, nos anos de 1825. Com a Lei dos Municípios, que obrigavam a Câmara a enviar uma oitava parte de todo o dinheiro arrecado às Casas de Misericóridas, surge uma roda na província do Rio Grande do Sul, e esta gerou outras três. Após esta, surge outras pequenas rodas, como por exemplo, na cidade Vitória no Espírito Santo e em Mato Grosso. Com a Lei dos Municípios, a Câmara ficou livre da responsabilidade de cuidar das crianças expostas, quando na cidade houvesse uma Casa de Misericórdia. Este cuidado era caro e pesado para as casas, que precisavam da população para ajudar na criação dessas crianças. Para ajudar em todas as necessidades expostas diante das crianças expostas, os bispos trouxeram irmãs de caridade para administrar as casas de Salvador, Rio de Janeiro e outras mais. Esta medida teve muito sucesso e levou outras províncias à adotarem a mesma iniciativa. Com o surgimento dos médicos higienistas, no século XIX, começa uma pressão para a extinsão das rodas, já que a higiene nestes lugares era precário. As mais importantes rodas sobreviveram até o século XX, as de São Paulo e Salvador, fecharam suas portas em 1950. Podemos refletir em todo esse processo histórico das rodas, que a demanda de crianças era superior às atividades da rodas, e esse era um fenômeno urbano, já que no meio rural, os filhos eram utilizados como mão de obra, portanto, não havia tanto abandono e pelo contrário, eram essas famílias que mais adotavam crianças expostas. Não podemos deixar de comentar, no entanto, que as rodas dos expostos no Brasil, foram as melhores em organização, já que quando a criança era entregue, lhe era dedicada uma página no livro de registro, para que fossem anotados todas as informações daquela criança até a morte. Faz-se necessário, entender como era a vida dessas crianças após a roda dos expostos. De recém-nascido até a idade de três anos, uma ama de leite cuidava da criança, sob um miserável salário. Após essa idade, as amas eram estimuladas à cuidar dessas crianças e após os doze anos, poderiam ser usadas como domésticas ou escravos, remunerados ou não. No caso de essas crianças não serem aceitas em lares, elas tinham destinos tristes, como prostitutas, pedintes, etc. Para assegurar uma melhor sobrevivência dessas crianças, a roda buscava famílias que ensinassem ofícios aos meninos e meninas, casas que lhes aceitassem como empregadas, em troca de alimento e moradia. Os meninos também poderiam ser encaminhados para as Companhias de Aprendizes Marinheiros, onde havia uma dura disciplina e alguns, que eram enviados estaleiros, passavam forme e morriam. Em 1824, foi criado o colégio de Nossa Senhora do Amparo, para as meninas desvalidas. A partir de 1860, surgiram instituições para a proteção das crianças desamparadas. No Rio de Janeiro, em 1887, havia uma enorme lista de instituições públicas e particulares, destinada aos cuidados dessas crianças. Em 1960, teve início uma nova fase assistencialista e filantrópica, onde ordens religiosas surgiram em forma de asilo e orfanatos por toda parte. A partir de então, começa uma nova fase do Estado do Bem-Estar, com a criação da FUNABEM e depois das FEBEMs. Inserem-se na sociedade os Direitos da criança, proclamado pela ONU, tendo as crianças direitos, pela primeira vez na história, assegurados por lei.

Quando fingir que ensinar destrói gerações!

Estamos em greve! Há muito tempo, há decadas... Aqui não se estuda, não se aprende, não se respeita o ser humano. Já não há alegria, prazer como antes. Medo, bulluing, violência, drogas, sexo e rock in roll, tudo que há de pior termina aqui: violência doméstica, abandono, problemas sociais, delinquência, desestrutura familiar, alcoolismo, basta escolher o cardápio.
Comunidade escolar, a festa da família, a devoção dos idealistas professores, o desejo e consciência das crianças e adolescentes da importância e grandeza dessa fase escolar é algo cada vez mais raro, louvável e extinto. Governos federais, estaduais e municipais, e seus "cientistas catedráticos", por um lado e as políticagens corruptas a ponto de desviar o dinheiro da merenda escolar ou o livro didático de outro encontraram a solução: aprovação automática!
Ótimo, acabou a repetência! Brasil bem na foto caiu drasticamente as estatísticas e fracasso para alfabetizar, ensinar noções básicas de matemática, e outras matérias. Mecanismos teóricos de reforço supririam as deficiências dos que mesmo sem qualificação mínima iam de 1ª a 8ª série e ali chegavam semi-analfabetizados, mal conseguindo fazer uma regra de três simples. 
Resultado: entre as 56 nações mais desenvolvidos, estamos em 53º em português e 55º em matemática! Lanterninha na mão, na escuridão de uma geração sem conhecimento, sem educação, sem limite, que abusa de bebidas e drogas. Gerações perdidas de alunos que terão que se virar num mundo seletivo e técnico. 
E não adianta sistema de cotas em universidades: o cérebro é um computador que exige uma mente que fornece os softwares de conhecimentos. Se não há softwares, não há o que fazer. Colocar computador em cada carteira de uma escola pública é mais um delírio de quem antes tinha que priorizar o respeito, bom salário e estímulos aos professores.
É chamar os pais para ter papel ativo na educação dos filhos, é rever o ECA, o papel dos conselhos tutulares. É permitir punição, rigor e lei do merecimento.
Ou continuar de greve em greve, entre PSDB, PT, PMDB e tantos partidos e eleições dos mesmos, que lá chagando, fazem o mesmo: nada!

 Fonte: Jornal Super Notícia. Edição: domingo, 8 de abril de 2012. Coluna Eduardo Aquino: Bem-vindo à vida.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os primeiros sentimentos quanto à infância

Tomaremos como ponto partida, a sociedade medieval, onde o sentimento de infância não existia. O sentimento de infância não está aqui relacionado com afeição ou carinho e sim a consciência da particularidade infantil, que é a distinção entre criança e adulto. Assim que a criança podia viver sem os cuidados das amas ou das mães, esta ingressava na sociedade dos adultos e não havia mais distinção destes. Por volta do século XVI e XVII, surge um novo sentimento: a paparicação. Esta era uma fonte de distração e de relaxamento para o adulto e foi muito críticado. Começa-se então, a dar uma devida atenção as diferenças entre crianças e adultos e elas já não sentam mais as mesas com os adultos.
Ocorre no século XVII, um movimento entre moralistas e educadores e começa então, um novo sentimento: a moralização destas crianças. A criança não devia ser nem divertida e nem agradável, mas sim educada e moralizada. Já não convinha mais aos adultos se acomodar a leviandade de infância, sendo este um erro antigo. Propunha-se que que se fizessem dessas crianças, homens racionais e cristãos. Agora o tom era de severidade.
No fim do século, procurou-se conciliar a doçura e a razão. A paparicação surge no meio da família, no convívio com as criancinhas pequenas. Já o segundo, ao contrário, veio de uma fonte exterior à família, com críticas de pessoas preocupadas com a disciplina e a racionalidade dos costumes. Esse sentimento, passou para a vida familiar e se tornou importante na criação dos filhos.
No século XVIII, encontramos na família esse dois elementos acrescentado da preocupação com a higiene e a saúde física.
A criança assume lugar central dentro das famílias.
Podemos perceber ao analisar fotos antigas, que primeiramente, as crianças usavam trajes de adultos em miniatura. Posteriormente, as crianças são retratadas em poses abaixo dos pais e logo em seguida são retratadas no meio dos pais. Assim, fica claro, de como era e como é hoje, a relação família e criança.

Fonte: ARIES, Philippe. Os dois sentimentos da Infância. In:_. História Social da criança e da Infância. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. p. 99-105.