quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quem é Paulo Freire?

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife, PE. Apesar de pertencer a uma família de classe média, Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929. Uma experiência que o levou a se preocupar com os mais pobres e o inspirou a construir seu revolucionário método de ensino.
Assim uma das motivações para a sua elaboração pedagógica partiu de seus estudos sobre a linguagem do povo. Paulo Freire participou do Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife e do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, sendo, inclusive, um dos seus fundadores e primeiro diretor. Destaca-se, principalmente, o trabalho realizado em Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1962, onde começaram as primeiras experiências de alfabetização – o Método Paulo Freire. Em 1963, foi chamado à Brasília para coordenar, no MEC, a criação do Programa Nacional de Educação.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na áfrica. Mas, em 1964, o golpe militar reprimiu todos os trabalhos de mobilização popular. Paulo Freire foi acusado de subverter a ordem ao utilizar suas campanhas de alfabetização, sendo preso e exilado por mais de 15 anos.
Em 1980, voltou ao Brasil e assumiu cargos de docência na PUC – SP e na Unicamp e, entre 1989 e 1991, trabalhou como secretário da Educação da Prefeitura de São Paulo.
É autor de uma vasta obra traduzida em várias línguas. Dentre os livros mais conhecidos estão a Educação como Prática da Liberdade e a Pedagogia do Oprimido.
O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão, aliada ao seu talento como escritor, ajudou-o a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.
Paulo Freire morreu em 02 de maio de 1997, em São Paulo, SP.

FONTE: http://freire.mec.gov.br/index/sobre.
 

Entrevista com Sara Mourão - O professor Alfabetizador

Sara Mourão Monteiro (Ceale/UFMG): professor alfabetizador deve ter uma formação sólida

Existem vários métodos de alfabetização, várias possibilidades práticas de ensino
Existem vários métodos de alfabetização, várias possibilidades práticas de ensino
Autor:Arquivo pessoal


Pedagoga, com mestrado e doutorado em educação, Sara Mourão Monteiro é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela é vice-diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), órgão da Faculdade de Educação da UFMG que tem o objetivo de integrar grupos interinstitucionais de pesquisa, ação e documentação na área de alfabetização e ensino de português.
Em entrevista ao Jornal do Professor, Sara Mourão Monteiro diz que, atualmente, no Brasil, existem vários métodos de alfabetização e os professores podem adotar aquele que preferirem.
Em sua opinião, para trabalhar com alfabetização, o professor necessita ter uma formação sólida e específica para a área, pois esse processo é muito complexo e necessita de diferentes competências.

Jornal do Professor - Quais são os principais métodos de alfabetização existentes no Brasil e quais os pontos fortes e fracos de cada um?
Sara Mourão Monteiro – No Brasil, nós tivemos um grande período em que predominou um debate sobre qual seria a melhor forma de ensinar os alunos. O debate era sobre qual era o melhor método de alfabetização. Então, primeiro se tinha um método da linha sintética, que partia do menor para o maior unidade linguística, partia das letras ou dos sons para palavras e textos. Depois, neste debate predominaram os métodos na linha analítica, que são os métodos que partem da unidade maior – textos ou frases - para as unidades menores, com letras e sons.
A partir dos anos 80 tivemos uma ruptura com esses métodos de alfabetização, quando nós professores, alfabetizadores, passamos a descobrir e a debater a aprendizagem: como é que as crianças aprendiam e não só qual a melhor maneira de ensinar. Mas era preciso descobrir como que a criança aprende para aí pensar em estratégias de ensino. E a partir então dos anos 80 é esse contexto metodológico da alfabetização que vem predominando em nosso país.

JP - Quer dizer que não existe um método apenas, atualmente, que seja o mais recomendado?
SMM – Quer dizer que nós temos hoje vários métodos de alfabetização, várias possibilidades práticas de ensino e que os professores ora adotam uma ora outra a partir de suas condições de trabalho, de formação, a partir do conhecimento que os alunos têm.

JP – Na sua opinião, os professores que se dedicam à alfabetização devem ter uma preparação especial para essa tarefa?
SMM – Sem dúvida. A alfabetização é um processo muito complexo. E ela demanda o desenvolvimento de competências muito distintas, que faz com que esse processo seja muito complexo. E o professor, para poder orientar os seus alunos, precisa conhecer muitas especificidades desse processo: o conhecimento na área da linguística, da sociolinguística, no campo de conhecimento sobre leitura. São conhecimentos que devem fazer parte da formação do professor, sem os quais ele pode cair em equívocos metodológicos.

JP – Um bom professor alfabetizador tem um perfil específico?
SMM – Primeiro ele precisa ter uma boa formação, sólida, específica na área de alfabetização. Não é qualquer um que pode chegar e alfabetizar. Ele tem que conhecer linguística, psicolinguística, tem que ter fundamentos teóricos para alfabetizar. Em segundo lugar, ele precisa ser um professor muito atento ao processo, ele precisa ser um professor que dê conta de interagir com muita facilidade com a criança porque ele precisa ser um observador do processo da criança e a partir dessa observação fazer encaminhamentos. O perfil do professor e alfabetizador hoje, no país, é de uma pessoa que tem uma formação sólida, está em constante formação e muito atento às crianças.

JP – Quais as atividades que não podem faltar em classes de alfabetização?
SMM – Atividades que levem a criança a aprender o sistema de escrita - atividades que abordam o código, o sistema de escrita; atividades que façam com que a criança desenvolva habilidades de leitura e de produção de textos – a criança precisa de atividades que trabalhem em nível de palavras, em nível de letras e no nível de sons, atividades que trabalhem em nível de textos. Além dessas atividades, o professor precisa planejar vivências, práticas de leitura e escrita. Aquelas atividades que mobilizem a criança para ler e escrever um texto. São basicamente três tipos de atividades que hoje precisam estar contempladas no planejamento do professor.

JP – Qual é o trabalho desenvolvido pelo Ceale - Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da UFMG?
SMM – O Ceale vem atuando, há 20 anos, em três linhas. A primeira delas é a pesquisa. O Ceale é ligado à linha de pós-graduação da Faculdade de Educação, que é Linguagem e Educação. Nessa linha são desenvolvidas pesquisas que nos fazem compreender esse processo complexo que é a aquisição da língua escrita. Uma segunda linha de atuação do Ceale são as ações de formação. O Ceale, hoje, promove formação de professores e atua em área de avaliação, tanto de material didático quanto de níveis de alfabetização dos alunos. E uma terceira linha – pesquisa, ação e documentação – há um espaço no Ceale no qual procuramos ampliar documentos que dizem respeito ao ensino da língua escrita para que sirva de material de pesquisa. Então, toda ação que o Ceale promova ou participe em parceria com outras universidades e com o próprio MEC, torna-se documento. Temos um centro de documentação bem amplo que dá condições de novas pesquisas, novas reflexões na área da alfabetização.
Nós temos atuado focados especificamente em algumas coisas, como por exemplo, a formação do professor. Temos tentado oferecer ao professor diretrizes metodológicas e pedagógicas para que ele tenha o suporte na sua prática de sala de aula. Temos elaborado e proposto material que orienta o professor em capacidades a serem desenvolvidas pelos alunos, discutindo com o professor formas de planejar a rotina escolar, a avaliação do desempenho. Nossa atuação é bem focada na prática do professor.

FONTE:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=67&idCategoria=8