segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Roda dos Expostos e a criança abonada no Brasil Colonial: 1726 à 1950.

As rodas dos expostos tiveram origem na Idade Média e na Itália. O papa Inocêncio III, chocado com o número de bebês encontrados mortos no rio Tibre, transferiu sua irmandade para Roma, criando o Hospital da Santa Maria in Saxia. Este foi o primeiro hospital dedicado à acolher e cuidar das crianças abandonadas. No mesmo hospital que eram recebidos pobres, doentes e leprosos, entravam os bebês expostos, sendo totalmente vedada às informaçôes sobre o expositor. O nome da roda vem da forma cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória, que era fixada no muro ou na janela da instituição. O expositor colocava a criança na roda, girava-a e a criança já estava do outro lado. Havia uma corda com um sino, que era tocado assim que o bebê era girado. Imediatamente um vigilante buscava a criança e o expositor, assim, mantinha-se em sigilo. Este costume começou nos mosteiros medievais, em que as crianças eram deixadas como doação para servir à Deus, e com o uso indevido das rodas mosteiros, surge então a roda dos expostos. Em Portugal, as primeiras instituições de assistência direta à criança, foram criadas em conjunto com a sociedade, o clero e a coroa. Esta ação foi tomada inicialmente, pelas mulheres nobres. No ínicio do século XVI, em Lisboa, podemos destacar duas grandes instituições de assistência à crianças abandonadas: a Irmandade de Misericórdia e o Hospital de Todos os Santos. Ficou definido que a Câmara Municipal iria ajudar com o subsídio anual, para manter as instituições. A tradição veio para o Brasil, pois este era colônia de Portugal. Assim, no século XVIII, pediu-se permissão à coroa, para abrir uma roda dos expostos, no estilo de Lisboa, na cidade de Salvador da Bahia. A Santa Casa aceitou o pedido, desde que o rei a ajudasse anualmente. Desta forma, foi aberta a primeira casa de recolhimento em 1726. A segunda casa de misericórdia se deu no Rio de Janeiro, em 1738. A terceira e última roda do período colonial foi no Recife, no final do século XVIII. Mesmo após a independência do Brasil, as rodas continuaram a funcionar, sob as ordens das Ordenações Filipinas, que estabeleciam as câmaras dos municípios, como os responsáveis pela assistência às Casas de Misericórida, e este assunto sempre foi aceito sob protesto das Câmaras. Em São Paulo, com altas taxas de expostos, se fez necessário a abertura de uma roda, nos anos de 1825. Com a Lei dos Municípios, que obrigavam a Câmara a enviar uma oitava parte de todo o dinheiro arrecado às Casas de Misericóridas, surge uma roda na província do Rio Grande do Sul, e esta gerou outras três. Após esta, surge outras pequenas rodas, como por exemplo, na cidade Vitória no Espírito Santo e em Mato Grosso. Com a Lei dos Municípios, a Câmara ficou livre da responsabilidade de cuidar das crianças expostas, quando na cidade houvesse uma Casa de Misericórdia. Este cuidado era caro e pesado para as casas, que precisavam da população para ajudar na criação dessas crianças. Para ajudar em todas as necessidades expostas diante das crianças expostas, os bispos trouxeram irmãs de caridade para administrar as casas de Salvador, Rio de Janeiro e outras mais. Esta medida teve muito sucesso e levou outras províncias à adotarem a mesma iniciativa. Com o surgimento dos médicos higienistas, no século XIX, começa uma pressão para a extinsão das rodas, já que a higiene nestes lugares era precário. As mais importantes rodas sobreviveram até o século XX, as de São Paulo e Salvador, fecharam suas portas em 1950. Podemos refletir em todo esse processo histórico das rodas, que a demanda de crianças era superior às atividades da rodas, e esse era um fenômeno urbano, já que no meio rural, os filhos eram utilizados como mão de obra, portanto, não havia tanto abandono e pelo contrário, eram essas famílias que mais adotavam crianças expostas. Não podemos deixar de comentar, no entanto, que as rodas dos expostos no Brasil, foram as melhores em organização, já que quando a criança era entregue, lhe era dedicada uma página no livro de registro, para que fossem anotados todas as informações daquela criança até a morte. Faz-se necessário, entender como era a vida dessas crianças após a roda dos expostos. De recém-nascido até a idade de três anos, uma ama de leite cuidava da criança, sob um miserável salário. Após essa idade, as amas eram estimuladas à cuidar dessas crianças e após os doze anos, poderiam ser usadas como domésticas ou escravos, remunerados ou não. No caso de essas crianças não serem aceitas em lares, elas tinham destinos tristes, como prostitutas, pedintes, etc. Para assegurar uma melhor sobrevivência dessas crianças, a roda buscava famílias que ensinassem ofícios aos meninos e meninas, casas que lhes aceitassem como empregadas, em troca de alimento e moradia. Os meninos também poderiam ser encaminhados para as Companhias de Aprendizes Marinheiros, onde havia uma dura disciplina e alguns, que eram enviados estaleiros, passavam forme e morriam. Em 1824, foi criado o colégio de Nossa Senhora do Amparo, para as meninas desvalidas. A partir de 1860, surgiram instituições para a proteção das crianças desamparadas. No Rio de Janeiro, em 1887, havia uma enorme lista de instituições públicas e particulares, destinada aos cuidados dessas crianças. Em 1960, teve início uma nova fase assistencialista e filantrópica, onde ordens religiosas surgiram em forma de asilo e orfanatos por toda parte. A partir de então, começa uma nova fase do Estado do Bem-Estar, com a criação da FUNABEM e depois das FEBEMs. Inserem-se na sociedade os Direitos da criança, proclamado pela ONU, tendo as crianças direitos, pela primeira vez na história, assegurados por lei.

Quando fingir que ensinar destrói gerações!

Estamos em greve! Há muito tempo, há decadas... Aqui não se estuda, não se aprende, não se respeita o ser humano. Já não há alegria, prazer como antes. Medo, bulluing, violência, drogas, sexo e rock in roll, tudo que há de pior termina aqui: violência doméstica, abandono, problemas sociais, delinquência, desestrutura familiar, alcoolismo, basta escolher o cardápio.
Comunidade escolar, a festa da família, a devoção dos idealistas professores, o desejo e consciência das crianças e adolescentes da importância e grandeza dessa fase escolar é algo cada vez mais raro, louvável e extinto. Governos federais, estaduais e municipais, e seus "cientistas catedráticos", por um lado e as políticagens corruptas a ponto de desviar o dinheiro da merenda escolar ou o livro didático de outro encontraram a solução: aprovação automática!
Ótimo, acabou a repetência! Brasil bem na foto caiu drasticamente as estatísticas e fracasso para alfabetizar, ensinar noções básicas de matemática, e outras matérias. Mecanismos teóricos de reforço supririam as deficiências dos que mesmo sem qualificação mínima iam de 1ª a 8ª série e ali chegavam semi-analfabetizados, mal conseguindo fazer uma regra de três simples. 
Resultado: entre as 56 nações mais desenvolvidos, estamos em 53º em português e 55º em matemática! Lanterninha na mão, na escuridão de uma geração sem conhecimento, sem educação, sem limite, que abusa de bebidas e drogas. Gerações perdidas de alunos que terão que se virar num mundo seletivo e técnico. 
E não adianta sistema de cotas em universidades: o cérebro é um computador que exige uma mente que fornece os softwares de conhecimentos. Se não há softwares, não há o que fazer. Colocar computador em cada carteira de uma escola pública é mais um delírio de quem antes tinha que priorizar o respeito, bom salário e estímulos aos professores.
É chamar os pais para ter papel ativo na educação dos filhos, é rever o ECA, o papel dos conselhos tutulares. É permitir punição, rigor e lei do merecimento.
Ou continuar de greve em greve, entre PSDB, PT, PMDB e tantos partidos e eleições dos mesmos, que lá chagando, fazem o mesmo: nada!

 Fonte: Jornal Super Notícia. Edição: domingo, 8 de abril de 2012. Coluna Eduardo Aquino: Bem-vindo à vida.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os primeiros sentimentos quanto à infância

Tomaremos como ponto partida, a sociedade medieval, onde o sentimento de infância não existia. O sentimento de infância não está aqui relacionado com afeição ou carinho e sim a consciência da particularidade infantil, que é a distinção entre criança e adulto. Assim que a criança podia viver sem os cuidados das amas ou das mães, esta ingressava na sociedade dos adultos e não havia mais distinção destes. Por volta do século XVI e XVII, surge um novo sentimento: a paparicação. Esta era uma fonte de distração e de relaxamento para o adulto e foi muito críticado. Começa-se então, a dar uma devida atenção as diferenças entre crianças e adultos e elas já não sentam mais as mesas com os adultos.
Ocorre no século XVII, um movimento entre moralistas e educadores e começa então, um novo sentimento: a moralização destas crianças. A criança não devia ser nem divertida e nem agradável, mas sim educada e moralizada. Já não convinha mais aos adultos se acomodar a leviandade de infância, sendo este um erro antigo. Propunha-se que que se fizessem dessas crianças, homens racionais e cristãos. Agora o tom era de severidade.
No fim do século, procurou-se conciliar a doçura e a razão. A paparicação surge no meio da família, no convívio com as criancinhas pequenas. Já o segundo, ao contrário, veio de uma fonte exterior à família, com críticas de pessoas preocupadas com a disciplina e a racionalidade dos costumes. Esse sentimento, passou para a vida familiar e se tornou importante na criação dos filhos.
No século XVIII, encontramos na família esse dois elementos acrescentado da preocupação com a higiene e a saúde física.
A criança assume lugar central dentro das famílias.
Podemos perceber ao analisar fotos antigas, que primeiramente, as crianças usavam trajes de adultos em miniatura. Posteriormente, as crianças são retratadas em poses abaixo dos pais e logo em seguida são retratadas no meio dos pais. Assim, fica claro, de como era e como é hoje, a relação família e criança.

Fonte: ARIES, Philippe. Os dois sentimentos da Infância. In:_. História Social da criança e da Infância. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. p. 99-105.